Pode perguntar #1

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dezembro 9, 2014
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9 min read

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Com apenas 11 meses de blog e canal no Youtube me surpreende o número de perguntas que recebo diariamente por e-mail, comentários nos artigos, vídeos e nas minhas redes sociais. Muitas perguntas são comuns entre várias pessoas e na maioria das vezes é possível responder através de artigo, como nos exemplos abaixo:

  1. O grid vem antes ou depois do design da marca?
  2. Por que contratar um designer para um projeto de design?
  3. Como saber se você teve lucro ou prejuízo no final de um projeto

Acontece que muitas perguntas não justificariam um artigo ou vídeo por serem rápidas de responder - e eu respondo, mas como não é comum todos lerem os comentários as perguntas acabam se repetindo.

Neste primeiro momento selecionei as perguntas mais comuns ou as que podem ser de interesse de outros. Caso elas continuem chegando pode ter certeza que se eu souber responder haverá um "Pode perguntar #2", mas fique tranquilo pois continuarei respondendo você pelos comentários e e-mail. A intenção aqui é fazer um compilado para ajudar outros que possam ter a mesma dúvida que você.

1 – Você pode me indicar alguns livros?

Claro. Você encontra alguns livros, blogs, podcasts e outras referências na minha biblioteca. Esta é uma página em constante atualização, então fique de olho.

Sugestão de hoje: O livro e o designer 2 - Andrew Haslam

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2 – Você usa grids em todos os seus projetos?

Hmm...

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... na verdade não. Alguns projetos ou layouts não necessitam do grid propriamente dito (módulos), mas normalmente monto alguma estrutura, que também pode ser feita através de guias ou apenas por relações proporcionais entre os elementos do layout.

Deixando claro que você não é menos ou mais designer por utilizar grids ou guias no seu layout. Estes são apenas recursos disponíveis que você utiliza se quiser ou não.

3 – Por que você não usa Mac?

Porque gosto de PC. Já tive a oportunidade de trabalhar em Mac mas por enquanto acho que um PC com uma boa configuração não deixa nada a desejar. Quem sabe um dia eu volte a testar.

4 – Você pode dar feedback sobre meu portfólio?

Posso, mas apesar de tentar não consigo responder todos. Normalmente recebo a tarefa de avaliar todos os projetos de um portfólio ao mesmo tempo, o que é muito difícil e consumiria muito tempo se eu respondesse todo mundo.

Dica: costumo responder mais rapidamente aqueles que se apresentam, fazem uma introdução sobre seu projeto e enviam o link para este projeto isoladamente. Assim, antes de abrir o projeto já sei algo sobre a pessoa e sobre o projeto, então fico mais à vontade para opinar.

Importante: minha opinião não qualificará seu projeto, ou seja, nada do que eu disser deve ser interpretado como verdade e você deve sim pedir opinião para outras pessoas. Cuidado apenas para não pedir opinião para pessoas que podem te desestimular. Evitaria, por exemplo, publicar a dúvida em um grupo cheio de desconhecidos.

Consiga respostas de pessoas que realmente têm a intenção de te ajudar a dar o próximo passo, mas lembre-se que somente seu cliente tem o papel de qualificar seu projeto.

Você pode ver outras dicas sobre portfólio neste link: Boas práticas para divulgar seu portfólio no Behance

5 – Quando você vai escrever um livro?

Antes de lançar o blog não tinha essa pretensão, mas muitos leitores estão me encorajando em relação a isso. Penso que talvez eu possa começar com um e-book, um curso em vídeo ou qualquer outra coisa que seja interessante para você. Alguma sugestão?

6 – Você pode me dar aulas particulares?

Pessoalmente seria um pouco difícil, mas sugiro que sempre me mande suas dúvidas, pois como falei, elas podem virar um artigo ou um vídeo.

Caso você realmente precise de um curso completo, onde um simples tutorial não possa ajudar, podemos pensar em um vídeo/curso com material exclusivo sem problemas. Entre em contato e conversamos sobre o assunto.

7 – Na minha cidade não tem faculdade de design gráfico. O que devo fazer?

Acho que o mais importante em um curso, seja faculdade ou não, é a ordem cronológica de estudo e o fato de você interagir com outras pessoas. Caso sua cidade não tenha uma faculdade, procure cursos de especialização em design. Conheço alguns ótimos profissionais que fizeram cursos técnicos de dois anos, por exemplo.

Não é necessário procurar a melhor faculdade ou melhor curso do mundo. Dê seu melhor durante os estudos. É importante saber que não é a instituição de ensino que forma o profissional, é a própria pessoa. O curso ou a faculdade apenas mostram o caminho.

Caso o curso também não seja uma opção você pode tentar estudar por conta própria. Dizer que não é possível é o mesmo que dizer que não podem existir grandes pintores, instrumentistas ou fotógrafos sem diploma. Talvez seja um caminho um pouco mais difícil, mas o máximo que você precisa é dedicação e comprometimento. Não desanime.

Se faculdade for um sonho, vá com calma. Estude, trabalhe e um dia você certamente terá condições.

Importante: design não é Photoshop.

8 – Como você faz para prospectar clientes?

Até 2010 eu não tinha sequer portfólio e nunca telefonei ou mandei e-mail para ninguém que não me conheça. Fiquei de 2010 a 2014 apenas com meu Behance e hoje o fato de ter um site/portfolio/blog ajuda bastante, mas a maioria dos clientes continua chegando através de indicação de outros clientes ou amigos.

Minha maior preocupação sempre foi dar o melhor possível em cada projeto. Essa experiência me levou a acreditar que não há forma melhor de conquistar um cliente, pois a partir do momento que você realiza um bom trabalho para um único cliente a possibilidade de ganhar credibilidade com outros de forma indireta é alta. Mas tenha paciência, confiança e credibilidade não se ganham da noite para o dia e você nunca será unânime. Acredito que este seja um esforço contínuo.

9 – Me coloca como parceiro no seu site?

Não tenho uma seção “Parceiros” no site, mas isso não significa que eu não tenha parceiros ou pessoas/blogs que eu acompanhe e indique, como você viu na minha biblioteca. Costumo indicar aqueles em que eu acredito verdadeiramente no trabalho, sem exigir nada em troca.

Você pode me enviar seu blog, site ou indicação de livros e podcasts clicando aqui. Caso seu conteúdo seja relevante pode ter certeza que entrará na lista.

10 – Como você justifica seu preço para o seu cliente? Acho muito difícil cobrar aquilo que considero justo.

Acredito que seu trabalho deve justificar por você. Caso seu cliente não pague o valor que você acha justo, vejo duas razões possíveis:

1) Talvez seu trabalho ainda não valha o que você cobra aos olhos do seu cliente.

2) Talvez você esteja oferecendo seu trabalho para o cliente errado.

Pode existir uma terceira ou quarta razão, mas o importante é você tentar descobrir a origem do problema e resolver da forma mais razoável possível.

Importante: não é sempre que o cliente "certo" vai aprovar seu orçamento. Bola pra frente.

11 – Estou começando agora e quero fazer redesign de logos famosos para colocar no meu portfólio. Isso é permitido?

Apesar de acreditar que não há restrições em relação a isso sugiro que verifique esta questão legal com um advogado.

De qualquer forma este tipo de estudo se chama “redesign concept” ou “conceitos de redesign”, e é algo bem comum de vermos por aí. Muitos designers ganham visibilidade e reconhecimento depois de redesenhar uma marca conhecida.

Adidas Brand Design Study, por Oğuzhan Öçalan

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YouTube. Just Got Simpler, por Ziarekenya Smith

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Rebranding Samsung, por Aziz Firat

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 12 – O que você responde quando o seu cliente insiste em querer saber “mais ou menos” seu valor antes de responder o briefing?

Explico a importância que o briefing tem e normalmente o cliente entende. Em último caso dou uma média com base nos meus últimos orçamentos, mas deixando claro que o valor não necessariamente corresponde à realidade do projeto dele justamente pelo fato de eu não ter dados sobre o projeto.

Mas como falei, normalmente o cliente é bem tranquilo em responder o briefing depois que explico sua importância. Não tenho grandes problemas em relação a isso.

13 – Se muitas pessoas chegarem a conclusão de que um projeto não está esteticamente agradável significa que este projeto está errado de alguma forma?

Acho que essa é uma das perguntas mais complexas que recebi, e foi feita por um iniciante no design. Difícil responder, mas vamos lá.

Minha resposta direta é "não", mas acho que existem algumas variáveis possíveis neste caso e talvez por isso a dúvida tenha surgido. Uma delas é o fato de que o projeto pode não ter sido direcionado para o grupo de pessoas que não se agradou com o visual.

Se levarmos em consideração a máxima de que design é função + estética, um projeto só tem “obrigação” de ser belo para aquele que fizer uso dele - caso a beleza seja um item essencial. Isso significa que um designer pode sim encontrar "erros" no projeto de outro designer, pois teorias, regras e técnicas existem para serem aplicadas e principalmente discutidas, mas se este projeto for um produto e o público-alvo está satisfeito com este produto, onde está o erro?

14 – Onde você aprendeu a trabalhar com grids?

Estudando livros que falam sobre design de livros. Na minha opinião diagramação e tipografia são temas que abrem a mente para praticamente todos os campos do design. As técnicas de construção que utilizo em meus projetos de marca nada mais são do que um redirecionamento de outros aprendizados, a maioria listados também na minha biblioteca.

Mas é claro que todo este estudo não adiantaria se não houvesse treino e leitura contínua. Não paro de ler e treinar até hoje e pretendo não parar nunca.

Curiosidade: o livro que indiquei na pergunta #1 foi o primeiro que me despertou interesse sobre o tema. Caso ainda não tenha dado uma olhada, segue novamente o link: O livro e o designer 2 - Andrew Haslam

15 – Você pensa em lançar seus vídeos/artigos em outro idioma?

Muito, em inglês. Por alguma razão misteriosa já recebi este pedido de argentinos, espanhóis, indianos, americanos e até japoneses (pois é). Penso em criar um site com alguns artigos traduzidos, mas não teria como traduzir todos pois o trabalho é gigantesco.

Quem sabe um dia com algum tipo de patrocínio eu não consiga ampliar e buscar novos horizontes, mas sem pressa.

Encerrando

Espero que este artigo tenha respondido pelo menos uma dúvida sua. Fique à vontade para concordar, discordar, acrescentar ou enviar novas dúvidas nos comentários. Quanto mais, melhor.

Um abraço e até a próxima.

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Tagged: Design · Grids · Livros · Pode perguntar · Portfolio
Comments
Mais um artigo digno de ser impresso e pendurado como lembrete na porta da geladeira ou tatuado para não esquecer! Que perguntas e que respostas! Além de agradecer pelo texto, queria aproveitar então para adiantar a próxima leva de perguntas: 1. Como você define o Design? 2. Hoje eu vejo que eu já fui muito designer-xiita – defensor-cético do Design – e isso já me custou alguns empregos porque muitos donos de agências parecem não gostar quando você começa a falar igual um teórico maluco freneticamente (rs). Então de que maneira você acha interessante conversar e explicar o que nós fazemos e como os métodos do Design podem ser bastante proveitosos? 3. Qual é a sua visão dos eventos de Design aqui no Brasil? 4. De que maneira podemos contribuir para a nossa profissão por aqui?
Acho que por enquanto é só.
Obrigado mais uma vez! o/
Olá Iure, como sempre seu comentário é tão enriquecedor que a resposta se torna quase um desafio. Algumas de suas perguntas têm um nível de complexidade alta para aparecerem como resposta no volume 2, mas são ótimas para virarem um artigo completo.
Tudo anotado! Muito obrigado, meu amigo.
Um abraço.
Jovem! Está de parabéns!
Olá, Walter.
A algum tempo terminei minha marca pessoal, criei com o intuito de prospectar clientes e firmar mais meu trabalho no mercado.
Ela está em meu Portfólio. Da uma conferida cara. Abraços
E continuo seguindo seus trabalhos. Parabéns.
Olá Natan, tudo bom?
Está de parabéns, meu caro. Curti o efeito de animação que fez no seu símbolo.
Abração!
Opa! Legal Walter! Sem dúvidas é mais fácil que ficar olhando os comentários! hehehe
Se me permite opinar, seria legal ter um desse mensalmente talvez (claro que dependendo da quantidade de perguntas, tempo etc)…
Pode ser interessante colocar na pergunta o link para o post referente (se for o caso).
Dúvida, qual projeto você não utilizou grid?
Aguardando o próximo! :)
Abraço!
Muito obrigado pela dica, Tiago. Com certeza irá ajudar muita gente.
Sobre sua dúvida, vou tentar resgatar alguma coisa aqui e publicar no próximo “Pode perguntar”. Não sei se vou encontrar um projeto grande sem algum tipo de estrutura, mas é possível que eu encontre algum layout sem.
Abração!
Muito bom!
Sempre ajudando muito, parabéns!
Jovanei
Cara seus vídeos são muito esclarecedores, me peguei aqui em um dilema de como encaixar um circulo dentro de um triangulo equilátero ( até ai tranquilo ), o problema chega quando eu quero deixar ambas as pontas com a proporção exatamente igual, falo das formas que ficará entre o circulo e o triangulo ( os 3 minis triângulos com a base em forma de arco ).
Olá Jovanei, tudo bom?
Se entendi bem sua pergunta, acho que a maneira mais fácil de responder sua pergunta sem precisar de um tutorial é através dessa imagem – http://s17.postimg.org/5orbdd9an/circulo_triangulo.png
Veja se ajuda.
Um abraço.
Marcos
Walter, uma dúvida: Depois de desenvolver o logo, como você apresenta a proposta para seu cliente? Você faz exemplos de aplicação em papelaria, com mockups e tudo mais, tipo os projetos que são mostrados no Behance? Uma prévia de manual de identidade? Ou simplesmente uma imagem da marca? Valeu!
Paulo
Devo usar meu nome ou um pseudonimo em meu portfolio/site e etc.?tem alguma dica para melhor apresentar esse quesito?
Olá Paulo, tudo bom?
Acho que essa é uma questão de posicionamento mesmo. Também fiquei muito tempo com essa dúvida antes de me colocar no mercado.
Na verdade, anos antes de atuar como Walter Mattos atuei como “Estúdio Supernova” por 3 anos e foi tão bom quanto.
Acho que são propostas diferentes. Vai muito também de como você quer ser lembrado/reconhecido.
Olá Marcos,
Faço apresentação de todo conceito, a marca e alguns exemplos de aplicação em mockup sim.
Nunca apresento somente a imagem da marca. Assim fica muito difícil aprovar o projeto.
Parece meio óbvio, mas, para viabilizar a produção do conteúdo em um segundo idioma, de repente patrocínios como English Town, Wizard, CCAA, ou até mesmo uma escola de idiomas local (ou um profissional) poderiam ser a solução. Resta saber se não iriam querer transformar o blog em um grande espaço publicitário. Tudo vai do acordo que é feito. Boa sorte.
Julio, valeu pela dica.
Realmente, tenho muito receio de transformar o blog em algo que ele não é. Em relação ao profissional, não acho difícil conseguir um. Quando me referi ao patrocínio, quis dizer que ao ter um patrocínio qualquer (não necessariamente sobre traduções) poderia pensar em investir mais tempo no blog. Tendo patrocínio eu poderia, por exemplo, pagar um profissional só pra isso.
De qualquer forma, valeu pela dica.
Abração.

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