Escolha a ferramenta certa para cada função

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julho 11, 2014
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3 min read

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Não é porque você tem uma colher que deve usá-la como pá.

A questão aqui é função, não preferência. Não importa se você usa Corel, Illustrator ou Inkscape. A questão é, você utiliza a ferramenta certa para cada tipo de trabalho?

Vejo muitos designers discutindo preferências quando na verdade estas são questões sem discussão. Gosto não se discute, não é mesmo?

Ainda assim, há algumas perguntas que podem ser feitas antes do designer decidir que ferramenta usar.

- Com esta ferramenta eu resolvo meu problema da maneira mais rápida possível?

- Esta ferramenta limitará tecnicamente meu projeto?

- Eu entendo essa ferramenta o suficiente para responder as perguntas anteriores?

Como você pode ver, a última pergunta é a chave, e essa chave é conhecimento. Digamos que eu responda “sim” para a primeira pergunta. Para saber se esta ferramenta resolverá meu problema da maneira mais rápida possível, eu preciso conhecer outros softwares que não resolveriam tão rápido assim. Ou seja, independentemente das variáveis, tudo gira em torno do quanto você conhece.

Depois que criei este blog passei a receber muitos e-mails perguntando qual o melhor programa para tal tarefa, e é sempre muito difícil responder. Infelizmente há uma predominância forte das ferramentas da Adobe no universo do designer. Infelizmente porque seria bem melhor se tivéssemos o mesmo nível de qualidade nos concorrentes, principalmente nos gratuitos. De qualquer forma, estes não são de forma alguma descartáveis e podem sim substituir a Adobe em alguma função.

Então, antes de receber o próximo e-mail pedindo dicas, deixo aqui a última pergunta que recebi como exemplo.

Sou estudante de design e adoro design de marcas. Utilizo programas gratuitos como o Inkscape, Gimp e Scribus. Com eles dou conta do recado ou preciso de algo mais profissional?

Se o seu propósito é criar uma marca, todos dão conta do recado, pois é possível criar formas e trabalhar tipografia nos 3 programas. Mas todos resolvem seu problema da maneira mais rápida possível? Obviamente essa resposta depende do seu domínio sobre cada programa, mas neste caso, talvez o Inkscape resolva, pois ele está muito mais para esta função do que os outros dois, por várias razões que não cabem discutir aqui. Ainda assim, ele limitará o seu projeto tecnicamente de alguma forma? Talvez, pois o Inkscape ainda não converte para CMYK, e caso você precise fazer esta conversão, terá que importar seu design em outro programa que o faça, como o Scribus, por exemplo. Neste caso você perderá em velocidade, e talvez precise de um programa que exerça estas funções por completo. Mas caso sua marca vá ser aplicada apenas em ambiente virtual, não há limitações e o Inkscape dá conta sim.

Viu quantas variáveis?

Só é possível responder estas perguntas conhecendo Inkscape, Gimp, Scribus e um pouquinho dos concorrentes, pagos ou não. Não é problema algum não conhecer tudo, mas é sempre muito válido levantar estes e outros questionamentos. Somente assim você buscará o crescimento profissional em todos os sentidos. Há quem diga que a ferramenta não importa, e eu discordo bastante disso.

Então, antes de discutir se Illustrator é melhor que Corel, se Photoshop é melhor que Gimp, faça como o jovem designer que me mandou este e-mail e questione antes a função. Estude um pouquinho de cada até se aperfeiçoar nas que são úteis para o seu propósito.

Se você precisar cavar um buraco, só irá escolher a pá no lugar da colher se souber que existe uma pá e para ela que serve.

Espero que tenha gostado desta dica. Pensa diferente ou tem algo a acrescentar? Compartilha aí nos comentários.

Um abraço e até a próxima.

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Tagged: adobe · Corel · Ferramenta · Gimp · Illustrator · Inkscape · Photoshop · Scribus
Comments
Belo post, amigo! É realmente desagradável certas discussões sobre preferências. Mesmo assim, ainda há algumas preferências que fazem você perceber quão “antenado” aquele profissional é. Nem 8, nem 80. Não precisa ser um daqueles carinhas de vanguarda e nem aqueles dinossauros. As 3 perguntas do começo do seu post devem ser refeitas o tempo todo! E mesmo que elas sejam respondidas, vale adicionar uma sobre a qualidade com que o “problema” é resolvido (além da velocidade).
Concordo, Leo. Mas ainda acho que “qualidade” é um termo amplo ou relativo demais, e não necessariamente depende do software usado. É certo que se há alguma limitação técnica, a qualidade vai ser afetada, mas caso o programa te ofereça condições de realizar o trabalho por completo, a qualidade fica nas mãos do designer.
Obrigado por mais este comentário, que acrescenta muito ao Blog.
Um abraço.
Lohan Andrade
suponho que você prefere trabalhar com o illustrator, então me tire a dúvida: se existe uma pessoa com grande domínio com o corel e illustrator, o AI acho mais completo apesar de ser mais complexo também, o corel com todos os defeitos ele é bem mais rápido para trabalhar, é possivel ser rápido no AI também??
Olá Lohan, tudo bom?
Sim, trabalho com o Illustrator, mas já trabalhei com Corel também.
Acredito que a velocidade independe do programa. É possível ser muito veloz nos dois, basta ter bastante treino. Conhecer os atalhos do teclado também te coloca em “vantagem” em relação aos que não conhecem.
Acho que você deve trabalhar com o programa que gosta e tentar aprender o máximo que puder dele. Se um dia sentir que ele te limita de alguma forma, parte pra outro.
Espero ter ajudado. Um abraço.
Vivian
Concordo com o que você disse e realmente, para mim, cada programa exerce uma determinada função.
PS: Amei o seu artigo. Obrigada mais uma vez.
:D
Obrigado você, Vivian. :)
Julio Carneiro
Excelente – e pertinente – artigo. Veio, inclusive, a calhar em um momento de transição. Utilizei Corel por toda a minha vida profissional. É rápido, tenho domínio sobre ele, é simples… A migração veio mais pela inquietação e pelo fator financeiro. Explicando rapidamente a afirmação acima, quando a Adobe lançou sua suíte CC, com o plano de assinatura mensal (e não mais a compra do software ou pacote por alguns milhares de reais), vi uma oportunidade de trabalhar com programas originais e desfrutar da funcionalidade e vantagens que estes oferecem – por coincidência, enquanto escrevo este comentário, me apareceu um aviso: “Atualização disponível para InDesign CC 2014”.
Descobri outro mundo com a migração da ferramenta de trabalho! O que mais facilitou e agilizou minha linha de produção – gosto de pensar no processo dessa forma, como uma indústria – foi a integração entre os softwares. Faço, por exemplo, diagramação no InDesign importanto (vinculando) arquivos nativos de Illustrator e Photoshop. O mesmo vale para edição no Premiere. Não preciso mais me preocupar – para trabalhos internos – com que formato vou utilizar na exportação ou salvamento do arquivo para que seja compatível com programa “X”.
O que mais tem dificultado, no entanto, é a falta de conhecimento do software – falando especificamente de Illustrator. Trabalhos que eu demoraria duas horas para finalizar em Corel, estou levando três ou mais para fazê-lo no Illustrator. E não tenho como repassar isso para o meu cliente. É o preço que estou pagando para desfrutar da funcionalidade que identifiquei mais acima. Entendo que, pelo menos por enquanto, passarei um orçamento baseado em dez horas de trabalho e o mesmo vai me custar um dia. Mas não tem como aprender se não for assim e, penso eu, que começamos a morrer quando paramos de aprender.
Se alguém está pensando em migrar de ferramenta (sem citar nomes), o artigo do Walter é perfeito quando sugere, antes de qualquer coisa, que se saiba o que quer fazer e como fazer. Acrescentaria, no entanto, uma coisa que está me ajudando nesse processo. Não é a primeira vez que tento migrar, mas nunca havia obtido sucesso, pois, ante qualquer dificuldade um pouco maior, voltava para meu software antigo, onde já conhecia os comandos. Agora não… estou indo até o fim. Se você estiver migrando e tiver dificuldades, não recorra à sua antiga ferramenta. Em 99% dos casos o novo software que está sendo utilizado tem o mesmo recurso, apenas de uma forma diferente. Descubra como utilizá-lo. Outro exercício que tenho feito (inclusive “pra valer”, com alterações que são pedidas em trabalhos antigos) é refazer alguns trabalhos na nova ferramenta e comparar os resultados e o tempo que levei para atingi-los. Posso afirmar: o resultado final tem compensado.
Abraço e desculpem o – já costumeiro – texto longo!.
Marcos
Não acho uma pergunta muito difícil de responder.
Primeiramente verifique a qualidade dos softwares, compatibilidades, conhecer vantagens e desvantagem, o quão acessível é o software.
Creio eu que futuramente os softwares Open Source serão os mais potentes.
Porém atualmente a meu ver o Pacote da Adobe é a melhor opção para os designers .. Ex: Adobe Illustrator, InDesign, Photoshop.. Principalmente se a pessoa que pretende adquirir o pacote ou os software individuais, estiver disponibilidade financeira pra adquirir plug-ins que além de facilitar, agiliza o trabalho. Melhor quando entende-se de programação, no caso se não me engano javascript, poderá criar plug-ins e add-ons exclusivos.
Marcos
Ah .. Parabéns Walter Mattos, você é um grande exemplo para os Designers e para os curiosos como eu.
Santos Tinga
Acho muito estranho e inutil a discuncao que anda por ai de que corel/illustrator/etc qual a melhor feramenta. Para me cada um se identifica com um e usa a feramenta que mais acha profissional que se sente melhor usando o mesma.
Wallter Mattos voce e um exemplo a ser seguido. Curto muito seus projectos. Parabens mesmo.
Valeu, Santos. E obrigado por compartilhar sua ótica.
Um abraço.

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